Minha história de amor começou em Humaitá, uma história linda, profunda, verdadeira, de amor incondicional, ao Renato dediquei meus anos, meus pensamentos, minha vida, com ele tive nossos filhos Renato Salvatore e Rafael Salvatore, lutamos juntos na política, passamos dificuldades juntos, bailamos juntos, trocamos juras de amor, dividimos sonhos... Também parte de mim morreu junto....
A dor é imensa, se por um lado me confortava ver os aplausos durante o cortejo, receber os abraços apertados, ver o meu amor homenageado, outro lado se desfazia em saudades. As lembranças de sua luta pelo crescimento de Humaitá, a preocupação com o paciente que o procurava, fazia tudo que podia para ajudar na doença de qualquer um.
Compreendi as ausências que a vida política exigia, renunciei amigos, festas, tranqüilidade em casa, quando cobrava algo especial para a família ele me dizia: Meu amor minha família é o povo de Humaitá. A cada criança ele queria dar a mesma educação que seus filhos mereciam, a saúde, alimentação, por isso fez questão do nosso primeiro filho nascer na Unidade Mista de Humaitá como um nobre humaitaense.
Ele não se permitia um privilégio. Dedicou-se integralmente aos mandatos que exerceu, as lutas que acreditava, seu senso extremado de justiça chegava a ferir alguns, sua firmeza nas decisões afastavam os que queriam sempre ouvir sim, em sua caminhada foi abandonado, viu-se angustiado por não conseguir realizar tudo que desejava, sua mão era firme, seu espírito bravo, sua fé na vida inabalável.
Envelheceu precocemente, sofreu fisicamente as agruras da vida, sentia dores e sorria, não se curvou ao infarto, não aceitava fragilidade, não concebia diminuir o ritmo, amava o verde, a agricultura, amava aos amigos, as boas leituras, as boas músicas, um bom whisk, nunca se escondeu numa máscara. Ele era O RENATO, sem meias palavras.
Ficará a saudade de seus discursos brilhantes, de sua alegria, de suas caminhadas pelas ruas de Humaitá e do abraço forte.
Aos filhos de Humaitá o meu carinho imenso, vocês foram a razão das lutas do meu marido, zelem por sua memória, por sua honra e guardem as grandezas conquistadas.
Aos filhos do Renato que honrem sempre o nome de seu pai, lutando pelos ideais de justiça e igualdade que sempre defendeu.
Aos nossos amigos a certeza de que desfrutaram de um amigo nobre.
Ao meu grande AMOR, que hoje certamente caminha em prados verdejantes cantando maviosamente, a confirmação do amor eterno, que o tempo não apagará...
Com carinho imenso
Dra. Aline
Outrora alguém fez esta música:
Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...
Repito-a como se fosse minha
